sexta-feira, 3 de abril de 2009

Em perfeita harmonia?

Já dizia a letra de Paul McCartney: nós todos sabemos que as pessoas são iguais onde quer que você vá. Numa época em que as lutas pró-igualitárias fervilhavam mundo afora, – sob liderança de Martin Luther King, nos EUA, e Nelson Mandela, na África – o ex-integrante da banda Beatles compôs a música Ebony and Ivory, que pedia de forma sutil, direitos iguais para brancos e negros. A canção alcançou enorme sucesso no mundo, porém sua mensagem não impactou grandes líderes e não se tornou realidade. No Brasil, a mensagem ainda não pode ser considerada uma norma. Negros continuam sofrendo com o preconceito racial, marcado desde os tempos de escravidão.

Segundo as estatísticas, a população negra no Brasil vai passar de 50% em 2010. Ainda assim, são subjugados em entrevistas de emprego e recebem, em média, 53% menos do que trabalhadores brancos. Em 13 de maio de 2008 foram comemorados 120 anos da Abolição da Escravatura, mas a que custo? Em entrevista ao Portal PUC-Rio, o professor da PUC-SP, Hélio de Souza Santos, evidenciou a falha seguinte ao decreto de Princesa Isabel: não foi posta em vigor nenhum tipo de política pública após a Abolição. Ao contrário, foi criada a lei da vadiagem, que pretendia punir os desempregados, ou seja, os negros.

Hoje, com 120 anos de atraso, pensa-se em políticas de ação afirmativa – diz o professor, que também se posiciona em relação ao sistema de cotas para negros. Ele afirmou ser contra as cotas em Universidades, mas sustentou também que não deveriam ser de 100% para brancos no mercado de trabalho. O sistema, ao invés de incluir a população negra, os exclui ainda mais. Quando um indivíduo branco perde um emprego para um negro, imediatamente se pergunta se foi rejeitado porque seu adversário era mais competente ou por causa de cotas.

Acirrada essa disputa, invariavelmente o preconceito racial aumenta e ultrapassa as barreiras das empresas. Mesmo que a proporção tenha diminuído, nos últimos 30 anos, a percentagem de negros analfabetos ainda é maior que a de brancos. E isso aponta para uma questão mais delicada: negros ainda são maioria entre empregados domésticos. O Diretor de Cooperação e Desenvolvimento do IPEA, Mário Theodoro, acusa que há quase um milhão de negros a mais à procura de emprego, em comparação com os brancos.

Na tentativa de apaziguar as diferenças, foi implantada em 2003 uma lei que tornaria obrigatória a inclusão de História e Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares do país. Para Souza Santos, a lei não entrou em vigor na prática porque a sociedade brasileira é inerte a movimentos que possam beneficiar a população negra. A lei iria além do currículo escolar, informando aos brasileiros parte importante da nossa história.

Os dados e as pesquisas nos mostram que no Brasil a realidade é bem parecida com a música Ebony and Ivory. McCartney canta sobre como ele queria que negros e brancos vivessem em perfeito equilíbrio, assim como as teclas de um piano. Bem distante desse sonho está a realidade brasileira, mantendo ainda gritantes diferenças entre as etnias, marcadas pelos 500 anos de negligência em relação à população negra.



*(Técnicas de Comunicação I)

2 comentários:

Judy disse...

Os dados e as pesquisas nos mostram que no Brasil a realidade é bem parecida com a música Ebony and Ivory. (...) Bem distante desse sonho está a realidade brasileira, mantendo ainda gritantes diferenças entre as etnias, marcadas pelos 500 anos de negligência em relação à população negra.

???

eu! disse...

amor, o outro tava errado mesmo, mas esse não..

a realidade de 'ebony and ivory' é a desigualdade, mas a múscia contém o sonho de uma sociedade justa e blablabla. o brasil tb contém esse sonho, mas é desigual devido aos 500 anos de negligência e blablabla.


got it?