segunda-feira, 17 de junho de 2013

Atores paulistas, apresentem-se para produções audiovisuais! Essa coisa de atores cariocas ficarem fazendo sotaque é uó!

Protestos no Rio



Bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, balas de borracha. Cartazes, câmeras, vinagre. Todo mundo tem acompanhado o curso das manifestações que têm tomado o país; manifestações de um povo que finalmente saiu de casa e foi à luta. Luta não, porque a manifestação é pacífica. O povo brasileiro finalmente saiu de casa e foi às ruas. "Por que?" uns se perguntam, outros simplesmente ridicularizam "não acho que R$0,20 seja motivo para baderna" e realmente, não é. Os vinte centavos a mais na passagem de ônibus não são o motivo das manifestações, mas foram a gota d'água.

Sou absolutamente favorável ao protesto pacífico. Um protesto sobre o governo e a qualidade de vida nesse país; um país que gasta milhões em obras superfaturadas, enquanto a educação, a saúde, a segurança e o transporte públicos ficam esquecidos. Esses vinte centavos representam muito. Por que a tarifa pode subir se a qualidade só desce? Não me lembro mais quem escreveu, mas assino embaixo: ficaria feliz de pagar R$3,00 num transporte de qualidade, com motoristas e cobradores qualificados - e, principalmente, não explorados, sem fazer jornadas duplas ou exercer a dupla função. Claro que, mais feliz ainda, se fosse um transporte público de qualidade - público, portanto, gratuito. A maior parte da população anda de ônibus e sofre com isso diariamente; veículos lotados, motoristas imprudentes, muitas vezes bancos quebrados e janelas emperradas. 

Enquanto isso, gente como Arnaldo Jabor e Lucas Mendes, que representam uma classe alta e tem alguma credibilidade, vão à TV "discutir" o assunto e criticam - ao que me parece, sem um conhecimento aprofundado do assunto, sem ler os inúmeros textos de civis que tem dominado as redes sociais - a manifestação "pelos vinte centavos" porque "não pode ser isso que vai fazer diferença. É muito fácil falar quando você tem um carrão com motorista e não vivencia essa realidade; é muuito fácil falar quando você mora em Nova Iorque! E junto com eles, a mídia se cala, se curva aos interesses de poucos. É muito triste ver que isso é a realidade, e não mais uma trama mirabolante de um filme ou seriado...porque é isso que parece, uma trama mirabolante, vergonhosa.

Por tudo isso, eu aplaudo quem vai às ruas defender uma ideologia. Eu não fui, ainda. Tenho vontade de ir e presenciar isso, mas não sou inconsequente a ponto de achar que "temos que protestar e só isso que importa". Não é bem assim. Não fui porque eu tenho medo e admito. Duvido de qualquer pessoa que me disser que não tem. Todos nós temos algo a perder; acho louvável quem, ainda assim, encontra forças para participar dos manifestos, passeatas, protestos. Por mais que sejam pacíficos, não quer dizer que pessoas não saiam machucadas. "Mas é a polícia que machuca" podem dizer, e é verdade, mas no momento que eles começam, muitos dos nossos revidam; não estou aqui para julgar ninguém, não consigo imaginar como deve ser difícil ver um inocente ser atingido e não revidar; mas sou obrigada a concordar que, no momento que revidamos (mesmo que seja uma pessoa revidando numa multidão de milhares) a gente perde a razão. A violência não justifica a violência.

Outra coisa que me preocupa é uma quantidade enorme de jovens - com seus vinte e poucos anos, como eu; inclusive alguns amigos - que estão empolgados com a ideia de "ir para a guerrilha". Não é o caso, cada situação tem suas peculiaridades e não podemos ser pretensiosos a ponto de achar que estamos revivendo a ditadura ou algo do gênero. Sob diversos aspectos, acho o que acontece hoje ainda pior, pois realmente nós vivemos numa ilusão. O regime ditatorial precisava do povo na rua, da luta armada. Hoje não, hoje vivemos num modelo de "democracia" - um modelo cheio de defeitos, que muitas coisas ainda são feitas debaixo dos panos, mas não dá para comparar com a truculência, a censura, a mobilização e o impacto dos anos de ditadura no Brasil. Acredito, sim, em outras formas de protesto, outras formas de denúncia...pode ser uma visão completamente utópica, mas acredito que a arte seja um caminho - e este sim, pacífico, sem por em risco a vida de nenhum inocente, sem por em risco ideais muito maiores. Vou fazendo a minha parte como eu posso, como eu consigo..