sexta-feira, 11 de maio de 2012

Fluxo de pensamentos sobre a vida e seu fim.

Cada ano que passa, mais gente morre. Cada ano que passa, a gente conhece mais gente. Cada ano que passa, mais gente que a gente conhece morre.


Não passo três meses sem perder uma pessoa conhecida. Não passo seis meses sem perder uma pessoa querida. Não passo um ano sem perder uma pessoa da família.


A mortalidade é um assunto tão batido, todo mundo sabe que basta estar vivo para morrer. Todo mundo sabe que no momento que uma pessoa nasce, ela está sujeita à morte. Todo mundo sabe. Mesmo assim, todo mundo é pego de surpresa quando recebe uma visita da Indesejada. 


Já estou acostumada. Desde 1995 estou acostumada a perder pessoas conhecidas, queridas, da família. Mas cada ano que passa, além do número aumentar, as ocasiões se tornam mais e mais próximas. É a doença da avó, o acidente do marido da tia, o câncer da prima, o menino da escola que foi atropelado, o câncer do professor, a doença do avô, o câncer do tio... que palavrinha mais infeliz, câncer. Que doencinha mais infeliz essa.


Já estou acostumada e mesmo assim sou pega de surpresa. Ninguém morreu, ainda. Todos morrem, um dia. Mas quando vemos esse dia se aproximando, para uma pessoa muito muito querida, é inevitável a reflexão. Reflexão sobre a vida, sobre a morte. Sobre a vulnerabilidade da vida, a imprevisibilidade da morte. Reflexão sobre quem fica e sobre quem vai, e sobre quem já foi. Me pego pensando muito no que eu quero e no que não quero, no que importa na vida e no descartável.


Cada ano que passa, mais gente nasce. Cada ano que passa, mais gente nasce e a gente conhece. Cada ano que passa, a gente conhece mais gente que nasce. Cada no que passa, a gente conhece mais gente e a gente pode morrer.

A vida é muito curta para fazermos sala, fingir coisas e não ser sinceros. Em um segundo, tudo pode mudar. No próximo segundo eu posso não estar mais aqui. E eu nunca vou saber, nem você. Ninguém sabe o próximo segundo. 


Tic, tac.
Passou um segundo.

sábado, 28 de abril de 2012

Curtinhas

  • Figurino e arte são elementos que ajudam a contar uma história. Eu, enquanto (aprendiz de) figurinista, preciso entender cada personagem, tanto quanto o trabalho do ator e diretor. Fazer figurino não é pensar que roupa "funciona" em cada cena, nem chegar e vestir os atores. O figurino é muito mais o pensamento que o ato.
  • Sombras. Aquelas produzidas pela luz me encantam, me agradam. Mas "sombra" é também aquela pessoa que te segue, te espreita e assiste a sua vida sem participar. Essas em muito me incomodam, me irritam...se você vive, participe da vida.
  • Curto e grosso: se é pra falar merda, fica quieto.
  • O resto fugiu, já desabafei demais pessoalmente, aí sobrou pouco para cá.

terça-feira, 27 de março de 2012

Foco é o marido da Foca

Eu nunca tive um foco. Agora mesmo, tenho que fazer uma redação de 15 a 20 linhas sobre uma história qualquer e depois transformá-la em história em quadrinhos. Viva a faculdade de artes! Viva? Acho que mais ou menos, né... porque fazer isso por obrigação é um tanto quanto castrador. Mil histórias me passam pela cabeça, tanta coisa que não dou conta de escrever. Resolvi recorrer, então, a textos antigos, arquivos de uns dois anos atrás, da época que eu gostava mesmo de escrever e tinha uma satisfação com o resultado - coisa que me parece cada vez mais distante.

É tanta coisa aomesmotempoagora que o nó só aumenta... e o facebook dispersa isso tudo. Os assuntos mais recorrentes do momento: a nova novela das oito e o homem do saco, que por sua vez foi lembrado pela caracterização de um dos personagens da novela... Não adianta, eu nunca consigo fugir disso: amo novelas, esse assunto me move. Como que um cara (ok que ele tem uma penca de assistentes, colaboradores, estagiários e etc, mas vamos manter um tico de romantismo e pensar que é ele sozinho, só por um instante) consegue escrever uma história, inventar dezenas de vidas interessantes o suficiente (ou não, mas, de novo, outro papo) para manter um país inteiro conectado durante oito meses ou mais?!!! Isso me abisma, me encanta, me assusta. Acho que no fundo, no fundo, eu queria era ser roteirista... queria era ser novelista. Mas fugi para o figurino.

A arte também me move. Não à toa, hoje passo pelo dilema "figurino, direção de arte, maquiagem, nada disso?" e em momentos de devaneio vem um "vou ser artista plástica" que também me seduz... mas olha só, perdi o tão importante FOCO. Não sei sobre o que vou fazer meu trabalho, minha história e meus quadrinhos. E lembro também que tenho que organizar, junto com a minha turma, um evento da faculdade chamado Figurino em Foco. Olha o Foco de novo me assombrando... e eu preciso de FOCO para escrever um projeto para o Figurino em Foco. Bola de neve. Não a igreja, o sentimento.

Sobre o que eu escrevo? (tem que ter início, meio e fim)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Extremely loud and incredibly close

Extremamente alto.

A sensação que eu tive ao sair do cinema foi parecida com quando saí de O Artista, todos os sons ficam extremamente altos. Ouvi como nunca os meus passos, minha mão no corrimão da sala na saída do cinema, o jeans da minha calça a cada passo quando as pernas se encontravam. Tudo extremamente alto num nível de detalhe que não costumamos reparar.

Incrivelmente perto.

Engraçado, minha sensação na verdade é a oposta. Me senti incrivelmente distante de tudo e todos quando o filme acabou. Como o menino e a mãe, que na verdade não era bem assim, mas era assim que ele se sentia.

Outros...

O Artista.

Um filme mudo, em preto e branco, francês. Atual. Atual no sentido de que foi produzido atualmente (ano passado). Confirmando todas as expectativas do Oscar e contra todas a história da Academia, O Artista foi o grande vencedor do ano, e mais que merecido: figurino, trilha sonora, e os tão cotados ator, diretor e filme!
Se passa no final da década de 1920 e acompanha o surgimento do cinema falado. George Valentim (Jean Dujardin) é um dos principais artistas do cinema mudo e seu orgulho o impede de seguir em frente e começar a falar. Dujardin é absolutamente apaixonante. Queria ser muda com ele, só com aquelas roupas incríveis e aquele fundo musical... saí do filme ontem achando que não precisava de mais nada.

Hugo.

Assisti após O Artista. Percebi que eu precisava de mais que as roupas e a música do filme francês. Precisava viver naquela estação de trem com aquele menino tão determinado a manter a memória do pai viva e concertar um boneco que supostamente tinha uma mensagem secreta. O filme tomou um rumo inesperado, para mim, ao se misturar com a história do cinema, me mostrar George Méliès e me lembrar que o cinema é onde os sonhos se tornam realidade. Como fui me esquecer disso? Nunca deixe de sonhar, nem de acreditar.


O mais importante é viver. Sentir, ouvir, tocar. Viver.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Gentileza gera gentileza

O saldo de hoje foi positivo. Na volta para casa, um menino - adolescente, não tinha cara de ser mais velho que eu - cedeu o lugar à uma senhora. Ele sorria. Depois, outra senhora perguntou a uma menina - criança, não parecia ter mais que 10 anos - se queria que ela carregasse sua mochila, já que estava sentada e a menina disse que não precisava. Ela sorria. Isso me deixou tão mais feliz que nem me importei de ter ficado um tempo esperando passar o 511, nem de estar em pé, nem de estar feito sardinha em lata. Numa sociedade onde o comum é nem notar quem está ao seu lado, aqueles dois me fizeram acreditar novamente, acendeu em mim aquela esperança de que um dia tudo vai melhorar, sabe?

Bom, depois desse nascimento de Pollyanna, esperar o ônibus para voltar da Urca foi uma delícia: sombra, ventinho, aquela vista incrível... Aí o pilates foi bom, comprar biquíni foi bom, a pizza do Vezzpa foi boa, tudo lindo! Até andar Copacabana inteira ida e volta foi bom, =)

Moral do meu dia: às vezes pequenas gentilezas salvam o dia. Pequenas gentilezas suas salvam seu dia e o do próximo, pequenas gentilezas alheias salvam o dia do próximo e o seu.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Inferno astral

Dizem que 30 dias antes do aniversário começa o tão conhecido período de Inferno astral. Eu, por vezes acredito e por vezes não. Hoje eu acredito e, se tivesse que quantificar, diria que o meu está mais ou menos do tamanho da Rússia. Meu aniversário é daqui a dez dias. DEZ! Como foi que passou tão rápido? Ontem mesmo eu estava pulando carnaval, cantando parabéns... e semana que vem já farei isso tudo de novo. Junta inferno astral com calor, a afta na ponta da língua (do último post) e a aula às 7h que eu tenho na Barra amanhã e o resultado é desastroso: Maria chorando às 23:30 sem conseguir explicar o porquê. Confusa, perdida.

Essa semana temos (eu e Cacá) que terminar todos os finalmentes do Toca Rauuul: barbas para percussão, Rafael e meninas; surpresas para o dia do bloco; blusa da Pia; pegar as coisas na costureira... e o tempo? E a aula? Me deu uma baita vontade agora de fugir, esquecer que existe carnaval, que existe Raul, que existe aniversário, que existe vida! Aí eu me lembro que tem gente em situação tão pior, e o pior é que isso não me dá um ânimo especial para fazer tudo que eu tenho pra fazer; na verdade isso me deixa mais confusa e "deprimida" porque eu me sinto, ainda por cima, ridícula de pensar que eu chamo tudo isso de problema, quando são meros pequenos empecilhos, bobagens. Um dia mal alimentado no Saara também não ajuda, ok.

O remédio? Trololo e escrever tudo isso aqui, mesmo tendo a quase certeza que ninguém vai ler. Pelo menos não tão cedo.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Pessoal

Resolvi escrever novamente. Não sei por quanto tempo nem a frequência que terei, mas por enquanto (nesse exato instante) estou decidida. Um blog pode ser algo profissional ou pessoal. No final do ano passado eu fiz um blog profissional, mas foi só entrar de férias da faculdade e a frequência de posts obviamente diminuiu. Não escrevo desde 16 de dezembro. Esse blog pessoal tem alguns anos, mas também não sou lá muito assídua... um blog pessoal, para mim, é como uma válvula de escape. Uma tentativa de liberar meus pensamentos um pouco, de não me sufocar em mim mesma.

Só hoje fui ler o blog http://doradoravante.blogspot.com, da Isadora Libório. Já tinham me recomendado. Mãe, irmã e várias amigas leem e adoram. Com toda a razão. Isadora escreve pensamentos íntimos e situações corriqueiras da vida dela. O blog começou em janeiro desse ano, quase um mês depois dela perder a mãe. Acho muito bonito ver uma menina, de apenas 17 anos, transformando a dor da perda em arte, em saudade e boas lembranças. Lembro que me ajudou muito, quando minha avó Inha faleceu, essa história de ter um blog... acho que foi quando escrevi melhor. E me fazia bem escrever, assim como imagino que faça bem à Isadora. Ler o blog dela hoje me fez um bem imenso, clareou meu dia.

Sabe aqueles dias que você acorda se sentindo um trapo? Acordei meio-dia, morrendo de calor, com cólica, uma afta na ponta da língua e sete (não um, nem dois... sete!) band-aids nos pés. Meus planos iniciais eram ir no bloco Fogo e Paixão, que começava às 11h ou ir ao cinema 13h. Acordei e pensei "Será que eu como qualquer coisa e saio de casa correndo?" mas não queria sair sem banho. Resolvi então desistir do bloco e ir ao cinema às 15h, mas quando acabei de almoçar eram 14:30 e não dava tempo de tomar banho e sair, então mais uma vez escolhi o banho. Aí fiquei de bobeira, na internet, e resolvi ler o blog da Isadora. Li todos os posts, tomei um banho e resolvi voltar a escrever. Obrigada, Dora.