quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sobre perder alguém.

Esse post é estranhamente sério, denso, para o normal do blog. Quem não se sente confortável pensando sobre a Morte, sugiro que não leia.


"e os dois ficaram horas conversando sobre a morte, amores perdidos e histórias de infância..."

A morte. Ou melhor, a Morte. Com M maiúsculo, que nem no livro.
Para a maioria das pessoas é um desagrado enorme pensar nisso, mas eu não tenho muitas frescuras com Ela não. A coisa que mais me espanta na Morte é o suicídio. E recentemente soube de dois casos que aconteceram logo no começo da semana, com pessoas não muito próximas de mim. Apesar de não conhecer nenhuma das duas, conheço gente que está sofrendo muito com a perda.

Imagino que o suicídio seja o tipo de Morte pior, pra quem fica. Porque um acidente nos deixa inconformados, mas eventualmente a ficha cai... não foi culpa dele, gostamos de pensar e isso nos conforta, talvez. Quem morre de infarto ou idade avançada, a mesma coisa: é muito difícil aceitar, mas uma vez que esse momento de mais dor passa, em geral ficam as boas lembranças e fica tudo mais ou menos bem. De doença nem preciso dizer, na maioria (eu acho) dos casos os amigos e parentes próximos já foram preparados para a perda.

Agora, a pessoa que decide tirar a própria vida... pra mim é inconcebível. Não só porque eu penso demais no que seria da minha família e dos meus amigos, como acho que a vida da pessoa tem que estar totalmente sem volta, no fundo do fundo do fundo do poço mesmo. Mas além desse sangue frio de não pensar nos outros, eu de certa forma admiro (imagino que devem me odiar agora, mas esperem) essas pessoas: deve precisar de uma baita coragem pra tirar a própria vida, né, nem consigo imaginar.

Isso tem passado muito pela minha cabeça, a Morte. Parece que depois que a gente cresce morre mais gente, mas não é. Na verdade a gente é que têm mais sensibilidade e começa a reparar nas perdas, mesmo aquelas que não nos afetam (diretamente). Sempre que penso na Morte - além de lembrar de A Menina que roubava Livros e meu livro-de-cabeçeira interminado, Uma Longa Queda (sobre pessoas que queriam se suicidar na noite de ano novo e acabaram desistindo e se ajudando e... não sei porque não cheguei no final!) - eu lembro da Indesejada. Mais uma vez aqui, vou parafrasear Ganeshas... e aproveito pra dizer: não sei qual de vocês fez essa letra, mas parabéns! Ela consegue dizer tudo isso em tão pouco.

E quem ficar
Tem mais viver
Tem mais penar
Tem mais cantar

2 comentários:

Nou disse...

Eu jamais seria capaz. E não por falta de coragem, mas por essa coisa dos outros.

Se ela tivesse pensado nos pais, não teria feito isso. Não que eu a julgue por não pensar neles; acho que ela tinha problemas maiores em mente.

Mas eu simplesmente não conseguiria me desligar dos outros assim: eles são, em parte, minha razão de viver.

Clara disse...

é duma coragem mesmo. sei lá, e tem o outro lado que é de covardia. é das coisas mais paradoxais do mundo.