sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O riso, prejudicial?

Um adendo inicial: tio Aníbal não deixa os estagiários trabalharem de shorts ou bermudas. Que bom que fui avisada disso em pleno início do verão, e depois de vir algumas vezes assim. ¬¬
Mas tudo bem, daqui a pouco essa palhaçada que chamam de "meu trabalho" acaba e não volto mais pra cá.


O que (me) interessa.
Rir é preciso, sempre. Mas cuidado com a dose!
Se a gente já não sabe mais rir um do outro, meu bem, então o que resta é chorar. Cantaram os Hermanos e eu concordo. Só que não podemos rir demais, perder o respeito. Aliás, pra mim, não podemos rir demais nem de nós mesmos. Porquê? Se nem eu me levo a sério, quem vai levar? (E porque vai levar?)

Isso porque ontem teve um Seminário de Tolerância Religiosa aqui na PUC. Uma menina, brilhante, resolveu fazer uma pergunta que de início eu achei mesmo pertinente: Porque não tinha naquela mesa nenhum representante de religiões indígenas ou do daime? Uma das respostas, que lembro, foi de uma Monja (estranhei a palavra num primeiro momento, é feminino de Monge). Ela concordou; deviam estar presentes, ali, representantes de outras religiões.

Por algum motivo, a menina insistiu. Falou e falou sobre religiões que vão além da figura de Deus e usam também substâncias. E o Estado condena o uso de algumas dessas substâncias, ela perguntou como aqueles representantes se posicionavam (de acordo com cada religião) em relação a isso. A Monja se mostrou a favor do uso, contanto que tivesse o fundo religioso; fora da religião, a banalização das substâncias, ela é contra. E mais uma vez, lá foi a menina continuar. Falou de Jah e a Monja não sabia do que se tratava, logo vários alunos responderam a pergunta; rapidamente. A frase final da menina eu não lembro, mas tinha "... Jah... cannabis..." e a Monja disse: Não conheço isso, você toma?

A inocência. Óbvio que todos os alunos (e professores) no auditório começaram a rir. Foi muito feio, muito feio mesmo. Monja Coen não se ofendeu, pela expressão dela deve ter achado no mínimo curiosa aquela reação. Mas quem estava assistindo consegue entender o que aconteceu. Pensei depois na ironia dessa situação: num seminário sobre Tolerância (ok, o que aconteceu não é de fato uma falta de tolerância religiosa, mas é desrespeitoso) a maioria rir deliberadamente da ingenuidade do próximo.

A frase seguinte tem zero efeito prático, mas preciso dizer. Desculpe, Monja, pela reação tosca de quem estava no auditório.

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