Aos oito anos fui diagnosticada com anorexia. Sempre me perguntam como meus pais não perceberam que havia algo de errado comigo, mas é bem simples: com uma rotina tão puxada de treinos, ninguém notou meu distúrbio. Todos os dias, antes e depois da escola. Comia pouco de manhã e raramente jantava. 500 abdominais, 300 flexões e vinte voltas correndo no ginásio. Meu sonho era participar de um mundial, mas após sair da clínica mamãe não me deixou treinar de novo.
A genética favoreceu a escolha da atividade. Nasci prematura, com 38cm e pesava pouco mais de um quilo. Sempre soube que seria baixa porque a média da família é 1,65cm. A Ginástica Olímpica sempre foi uma paixão de minha mãe, que é bailarina clássica. Desde as Olimpíadas de 1976, quando aquela russa ganhou a primeira nota dez da história do esporte.
“Minha filha, se você se esforçar eu sei que um dia vai ser que nem a ela” eu ouvia todos os dias quando me buscava no Clube Flamengo. Minha irmã já era da Equipe Mirim quando eu nasci. Pouco depois disso, ela foi chamada para integrar a Seleção Nacional de Ginástica Olímpica e se mudou para Curitiba.
A gente se falava todo dia por telefone e papai mandava uma foto acompanhada de uma carta contando os principais acontecimentos da semana; ele achava importante ela ter “lembranças mais concretas” para quando a saudade apertasse. Perto do meu aniversário de três anos ela caiu durante uma apresentação, e perdeu o movimento das pernas. Assim que se mudou de volta para o Rio, fui matriculada na turma de principiantes. Meu progresso foi tão rápido que poucos anos depois eu já era da Equipe.
A primeira vez que eu desmaiei foi num interestadual. Por sorte, ainda consegui fazer minha sequência e levar para casa o ouro. A partir daí foi introduzida na minha rotina uma dose diária de quatro pílulas que mantinham minha concentração e energia nos treinos. Uma vez que o susto passou, os treinadores e meus pais estavam cada vez mais satisfeitos com meus resultados. Ninguém notou minha aparência, cada vez mais mórbida.
Passei cinco meses internada na clínica e outros seis sob cuidados e dietas especiais. Nunca mais entrei no clube de novo, faltou coragem. Minha adolescência foi saudável, mas há oito meses tive uma recaída. Se me perguntam, foi o estágio e os horários loucos que uma assistente de direção tem. A verdade é que eu sinto culpa de ter destruído o sonho da minha família. Parei de comer ano passado numa tentativa mal sucedida de suicídio. Nunca contei isso pra ninguém.
A genética favoreceu a escolha da atividade. Nasci prematura, com 38cm e pesava pouco mais de um quilo. Sempre soube que seria baixa porque a média da família é 1,65cm. A Ginástica Olímpica sempre foi uma paixão de minha mãe, que é bailarina clássica. Desde as Olimpíadas de 1976, quando aquela russa ganhou a primeira nota dez da história do esporte.
“Minha filha, se você se esforçar eu sei que um dia vai ser que nem a ela” eu ouvia todos os dias quando me buscava no Clube Flamengo. Minha irmã já era da Equipe Mirim quando eu nasci. Pouco depois disso, ela foi chamada para integrar a Seleção Nacional de Ginástica Olímpica e se mudou para Curitiba.
A gente se falava todo dia por telefone e papai mandava uma foto acompanhada de uma carta contando os principais acontecimentos da semana; ele achava importante ela ter “lembranças mais concretas” para quando a saudade apertasse. Perto do meu aniversário de três anos ela caiu durante uma apresentação, e perdeu o movimento das pernas. Assim que se mudou de volta para o Rio, fui matriculada na turma de principiantes. Meu progresso foi tão rápido que poucos anos depois eu já era da Equipe.
A primeira vez que eu desmaiei foi num interestadual. Por sorte, ainda consegui fazer minha sequência e levar para casa o ouro. A partir daí foi introduzida na minha rotina uma dose diária de quatro pílulas que mantinham minha concentração e energia nos treinos. Uma vez que o susto passou, os treinadores e meus pais estavam cada vez mais satisfeitos com meus resultados. Ninguém notou minha aparência, cada vez mais mórbida.
Passei cinco meses internada na clínica e outros seis sob cuidados e dietas especiais. Nunca mais entrei no clube de novo, faltou coragem. Minha adolescência foi saudável, mas há oito meses tive uma recaída. Se me perguntam, foi o estágio e os horários loucos que uma assistente de direção tem. A verdade é que eu sinto culpa de ter destruído o sonho da minha família. Parei de comer ano passado numa tentativa mal sucedida de suicídio. Nunca contei isso pra ninguém.
3 comentários:
WOW!!!
se eu te conhecesse poderia ser seu apoio, gostaria de ser.
eu sei que voc é capaz de continuar bem
conte comigo
se bem....
que o título.
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