terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Verossimilhança


Para Marina,


Os comentários "que história mais inverossímil" e coisas do gênero costumam me incomodar. O cinema, como eu sempre defendo em discussões a respeito, não existe para recriar a realidade, mas sim para criá-la. Volto ao ponto: se existisse para recriar a vida, nunca teríamos um Star Wars, por exemplo. Acabei de sair de uma sessão com minha mãe, Educação.

O filme, recomendo. A companhia, para várias outras coisas também. A combinação não foi minha favorita, não sei é implicância demais ou o quê. Aos que não viram o filme e gostam de surpresas, sugiro que parem de ler. A todos os outros, lá vamos nós.

Em 1961 uma menina de 16 anos conhece um homem mais velho, que a leva em viagens, boates, passeios magníficos. Encantada, e com total apoio dos pais, sua vida toma rumos inesperados que a levam a largar a escola. Largar a escola, os estudos, os planos brilhantes de um futuro em Oxford, mas com a promessa de casamento.

Até que a menina que sonhava ser Audrey Hepburn descobre que seu noivo não apenas é casado, mas vive com a mulher e o filho a poucas quadras de onde ela mora. Sua trajetória de reinserção na escola e no universo acadêmico parece bastante fácil no filme, como se a menina - de então 17 anos - não tivesse feito muito esforço.

Sim, é inverossímil, mesmo sendo baseado em fatos reais. Mas direção, atores, trilha sonora, direção de arte, figurino e maquiagem se encontram com tanta harmonia que pouco me importa se aconteceu ou não. Pouco me importa se é mais próximo da realidade ou da ficção. Só acho que, se é para ser verossímil, mãe, ela poderia ter sofrido um pouco mais para recuperar sua vida e seu futuro promissor.

2 comentários:

Anônimo disse...

Maria, gostei do filme, da companhia e dos comentários. Discordo que ela não tenha se esforçado. Acho que nçao fez drama e encarou legal!

DiegoSanchezMásSaintMartin disse...

(diego namorado da carolina a conferir seu blog pelo título interessante e excêntrico e escrevendo inadvertidamente sobre seu texto)

É um grande problema esse de "inverossimil" ,para isso quando eu era pequeno havia o "estória" e o "história" mas em vista as atuais limitações vernaculares meu principal argumento é de que, cara ,a arte é uma atividade poética no sentido filologico mais profundo de "poético"(ao passo que "poiesis" é fazer, produzir , algo por aí)apesar dessa análise aristotélica da arte como uma mera atividade mimética estar sempre no imaginário popular.Acho que todo mundo que desenha por exemplo já ouviu sobre alguma desproporção anatômica(como se grafite sobre papel tivesse alguma proporção anatômica)ou simplesmente que "não está muito parecido".Isso de transformar a mídia cinematográfica(iluminação figurino fotografia sonorização e mais um bocado) em uma histórinha é uma mania irritante inevitável da sociedade.Acho uma mentira quando dizem que a nossa sociedade e fundamentalemtne visual , para mim ela é fundamentalmente narrativa.
a propósito: muito bom o texto,muito bom defender star wars e quanto a intrusão me desculpe.