terça-feira, 27 de março de 2012

Foco é o marido da Foca

Eu nunca tive um foco. Agora mesmo, tenho que fazer uma redação de 15 a 20 linhas sobre uma história qualquer e depois transformá-la em história em quadrinhos. Viva a faculdade de artes! Viva? Acho que mais ou menos, né... porque fazer isso por obrigação é um tanto quanto castrador. Mil histórias me passam pela cabeça, tanta coisa que não dou conta de escrever. Resolvi recorrer, então, a textos antigos, arquivos de uns dois anos atrás, da época que eu gostava mesmo de escrever e tinha uma satisfação com o resultado - coisa que me parece cada vez mais distante.

É tanta coisa aomesmotempoagora que o nó só aumenta... e o facebook dispersa isso tudo. Os assuntos mais recorrentes do momento: a nova novela das oito e o homem do saco, que por sua vez foi lembrado pela caracterização de um dos personagens da novela... Não adianta, eu nunca consigo fugir disso: amo novelas, esse assunto me move. Como que um cara (ok que ele tem uma penca de assistentes, colaboradores, estagiários e etc, mas vamos manter um tico de romantismo e pensar que é ele sozinho, só por um instante) consegue escrever uma história, inventar dezenas de vidas interessantes o suficiente (ou não, mas, de novo, outro papo) para manter um país inteiro conectado durante oito meses ou mais?!!! Isso me abisma, me encanta, me assusta. Acho que no fundo, no fundo, eu queria era ser roteirista... queria era ser novelista. Mas fugi para o figurino.

A arte também me move. Não à toa, hoje passo pelo dilema "figurino, direção de arte, maquiagem, nada disso?" e em momentos de devaneio vem um "vou ser artista plástica" que também me seduz... mas olha só, perdi o tão importante FOCO. Não sei sobre o que vou fazer meu trabalho, minha história e meus quadrinhos. E lembro também que tenho que organizar, junto com a minha turma, um evento da faculdade chamado Figurino em Foco. Olha o Foco de novo me assombrando... e eu preciso de FOCO para escrever um projeto para o Figurino em Foco. Bola de neve. Não a igreja, o sentimento.

Sobre o que eu escrevo? (tem que ter início, meio e fim)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Extremely loud and incredibly close

Extremamente alto.

A sensação que eu tive ao sair do cinema foi parecida com quando saí de O Artista, todos os sons ficam extremamente altos. Ouvi como nunca os meus passos, minha mão no corrimão da sala na saída do cinema, o jeans da minha calça a cada passo quando as pernas se encontravam. Tudo extremamente alto num nível de detalhe que não costumamos reparar.

Incrivelmente perto.

Engraçado, minha sensação na verdade é a oposta. Me senti incrivelmente distante de tudo e todos quando o filme acabou. Como o menino e a mãe, que na verdade não era bem assim, mas era assim que ele se sentia.

Outros...

O Artista.

Um filme mudo, em preto e branco, francês. Atual. Atual no sentido de que foi produzido atualmente (ano passado). Confirmando todas as expectativas do Oscar e contra todas a história da Academia, O Artista foi o grande vencedor do ano, e mais que merecido: figurino, trilha sonora, e os tão cotados ator, diretor e filme!
Se passa no final da década de 1920 e acompanha o surgimento do cinema falado. George Valentim (Jean Dujardin) é um dos principais artistas do cinema mudo e seu orgulho o impede de seguir em frente e começar a falar. Dujardin é absolutamente apaixonante. Queria ser muda com ele, só com aquelas roupas incríveis e aquele fundo musical... saí do filme ontem achando que não precisava de mais nada.

Hugo.

Assisti após O Artista. Percebi que eu precisava de mais que as roupas e a música do filme francês. Precisava viver naquela estação de trem com aquele menino tão determinado a manter a memória do pai viva e concertar um boneco que supostamente tinha uma mensagem secreta. O filme tomou um rumo inesperado, para mim, ao se misturar com a história do cinema, me mostrar George Méliès e me lembrar que o cinema é onde os sonhos se tornam realidade. Como fui me esquecer disso? Nunca deixe de sonhar, nem de acreditar.


O mais importante é viver. Sentir, ouvir, tocar. Viver.